AO VELHO PAI
O amor que me destes, pai
Eu guardo no fundo de um baú
Trancado a chaves,
Dentro do meu coração,
Invisível para todos.
Para o que o tempo
Não o destrua.
O amor que te dei também guardo!
Por que eu sei pai,
Que existe a lei do esquecimento
Este pó fino, imperceptível que o tempo produz
Para fechar as cicatrizes
Que esgarça as lembranças em nossas memorias
Sei que também existem, pai, os sentimentos
Este vento que sopra não sei de onde
Que redescobre os veios das feridas
Que existem em nossa alma, soterradas
E que o vento, sempre nos coloca na soleira do tempo
A sonhar com os vultos, daquilo que perdemos!
Por isso me incomoda pai, este pátio vazio,
Esta brisa gelada de agosto, que a tudo entristece!
Que nos faz lembrar, que hoje, é dia dos pais,
Por isso nunca gostei do mes de agosto.
Porque ele confirma que tua ausência será para sempre!
Que a morte tudo separa, tudo muda, tudo apequena.
Assim, nunca mais seremos os mesmos!
Nem nossa relação será próxima, nem plena
Haverá entre nós, este sentimento amortecido,
Fluindo de mim para você e ele não será de amor, que já senti,
Mas de dor, apenas!
Um beijo onde estiver!