A menina que fui

Denise Reis

A menina que fui ainda vai a igreja,

arrastando seu manto branco

pelas sarjetas recém varridas,

para confessar pecados ainda não cometidos.

A menina que fui ainda transita,

vestida de vigela bordada com rococós,

pelo florido canteiro central

da avenida que é rio.

E quando chove, são as dores infantis

que entopem bueiros e escorrem até a gare

para em linhas férreas , ferir poema.

A menina que fui brinca de esconde-esconde

entre os verdes morros que um dia

haverão de amadurecê-la.

Denise Reis
Enviado por Denise Reis em 21/07/2018
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