Um acidente em Família
O gesso embrulha seu corpo,
Afoga-me apavorado.
Seco corpo enfiado meio ao pó enrijecido,
Vejo apenas o seu rosto e olhos estatelados.
Em minha mente, dessaberes atropelados.
Aproximo, tomado do medo que me apavora,
Sorrio um sorriso banguelo.
Tateio o branco rígido, querendo entender a caixa pandora.
O calafrio em mente, conflito e duelo.
Devolva meu irmão, entregue-o por inteiro,
Não o quero em pedaços, tão pouco remendado;
Quero-o sorrindo, gritando, zaragateiro.
Vomite-o dessas entranhas, monstro vedado.
Já fora engolido todo, em seu abdominal.
Um robô, um astronauta, uma incógnita em minha imaginação
Aos poucos fui compreendendo,
Que aquela coisa demente, era sua ressurreição.
Não deveria mais andar, tão pouco ficar aprontando,
Equilibrado qual um robô, ainda se metia em confusão,
Cabeça de gesso, logo fora nomeado e procurado,
Os tempos eram da ditadura, tudo era vedado.
Meus olhares de menino, um espanto!
Quando de repente tudo acabou. Ele sumiu.
Aparecera meses depois, agora, sem o colete,
Sem o capacete, sem agulha para se coçar.
De volta ao rumo tranquilo da vida
Consegui refrescar o meu olhar.