Aula de anatomia
Vaza a luz pela cortina
Toca leve a tela, o cavalete
Ele, o artista, transpira
Ela, ofegante e musa, se despe
E o ambiente opaco de noite
Se ilumina.
Ali o corpo se descortina
Com seus vales e montes
Pousa inerte sobre o divan
Sob a luz amena
Que risca-lhe a fronte.
Sem nenhum recato ou pudor
A imagem é plácida e serena
Universo de desejo e cor
Nas pinceladas
Ocres, púrpuras e sienas.
Arte lúdica, festim de vanguarda
Faz tremer as mãos do pintor
Que agora tem na modelo
Por ele subjugada
A aula de anatomia.
Para Carlos Cirino, meu mestre, por breve tempo.
Beijo a todos!