Um poeta no ônibus (Uma homenagem ao poeta Fernandes)
Foram poucas as palavras trocadas, frases soltas e desconexas
e em meio a versos livres, uma voz quebrava o silêncio
e rompia o barulho das vozes.
Ele, um rapaz de feições simples,
Sorriso curto e cabelos negros,
barba falhada e semblante triste.
Rios de gargalhadas em um ônibus escolar,
lotado, é bem verdade, mas quantos não dariam tudo para estar lá,
Sei que era bem gostoso nele viajar.
Nem o calor escaldante da rodovia,
nem os gritos estridentes do lado de cá faziam ele parar,
pois aquele jovem ali presente continuava a recitar.
Alguém gritou um nome: - Fernandes, continue a declamar!
foi ai então que ele me olhou, mesmo sem eu o notar,
ao olhar para ele então, fiz um gesto para não parar.
Notei que a alegria em seus olhos,
nem só por um segundo conseguia disfarçar,
o Harlon o cumprimentou e vi todos a sussurrar,
- Quem é este poeta que está a nos agradar?
Deixei a emoção ali se soltar,
vi com alegria e assombro,
tantas palavras ele usar.
Eu nem sei como tive a sorte daquele rapaz eu encontrar,
mas o mais surpreendente disto tudo
é que eu já estive naquele lugar.
Sempre sonhei em ser um poeta,
que leva a vida em agradar as pessoas que o leem
ou o ouvem a recitar!