CHUVA QUE TE QUERO BEM
Chuva que vem e que vai
Sacode a poeira da minha infância
Enfrentando toda a minha inconstância
Sou filho, sou amigo, sou pai
Do avô a lembrança nunca sai
E assim cada pingo que recebo
Eu menino me percebo
É chuva que espanta a mágoa
Guarda comigo essa água
Que na boca seu gosto eu bebo.
É chuva que desce ladeira
Molha ricos e pobres
Te quero por vida inteira
Passeando entre plebeus e nobres.
Ela quando passa ligeira
Cai pesada na telha
Em árvores dá rasteira
Ferra mais que abelha.
Oh! Chuva anuais de outrora
Por que não voltas como antes?
No quarto fechado dos amantes
Eu te queria, minha linda, agora
E se chegares, não vais embora
Ficas até o término do ato
No gozo faminto de sobressalto
Eu a quero fina caindo
Não me importa se estás traindo
No relevo, planície ou planalto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 13 de aril de 2018.