Trilhos do tempo
Lá vai o tempo feito um trem deslizando
pelos trilhos infinitos do destino.
Antigamente vinha devagar, passadas lentas,
e entre uma estação e outra
era possível ver a beleza em cada uma delas.
Pela janela dava tempo até de ver a paisagem
que nos acenava durante toda a travessia.
O trem passava vagarosamente,
deixando um rastro de fumaça
como sinal de sua passagem.
Uma boa parte dessa fumaça
foi dissipada pelo vento do esquecimento;
a outra parte se transformou em nuvens,
que se espalham pelo horizonte da lembrança.
Hoje, o tempo é um trem
que passa depressa demais.
De uma estação à outra é um “flash”.
Recolhe e despeja passageiros
numa velocidade tamanha,
que nem seque nos damos conta
de quem nos acompanha na viagem.
Não tem sequer fumaça,
muito menos espaço para lembranças.
Tudo acontece muito rapidamente.
Os trem modernos são chamados de “trem bala”,
pois passam como se fossem um disparo.
Feito um disparo de uma bala,
que muitas vezes fere e outras vezes mata.
(Publicada no livro "Arcos e Frestas", página 35)
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