Ao meu avô, com saudades
Foste tão rígido na inflexibilidade e no querer
E depois de tanta vida, tivestes que sofrer
A tal labuta que enfrentaste foi uma peleja
Que poucos puderam travar com tanta presteza.
Eis, pois, guerreiro raiz do caule mais grosso
E pelo ardor do prêmio tão custoso
Vencestes por anos o que a muitos em pouco sucumbiram
E foste carregado até o fim das forças.
Ao teu lado tua descendência lhe presta,
Com esperança, as grandes dádivas
Que Deus concedeu a tua família
Aqueles a quem amou.
E de boa sorte sofreste pelos erros passados
Sofrimento que trouxe os teus mais para perto
Os que de perto sempre te amaram
E que hoje o teu corpo velam
Tua força condiz com teu nome
Mesmo que o sobrenome seja "Medo-de-morrer"
E nos ensinou que a vida é feita de escolhas
Que todos iremos colher
Tua vontade feita de pedra
Mas do teu corpo saiu água
Foi um período longo este que sofreste
Uma vida longa que viveste
Me despeço como quem viu tudo de perto
Vi que a vida é frágil mas a vontade é forte
E que nem todos pagam depois da morte
Pagam durante a vida este lamento
Os que te conhecem dizem adeus
Os que te amam, até logo
Fique em paz, meu avô
Guarde nosso lugar aí no céu.
"Requiem aeternam dona eis, Domine,
Et lux perpetua luceat eis,"
Repouso eterno dá-lhes, Senhor,
Que a luz perpétua os ilumine.