REMINISCÊNCIA
REMINISCÊNCIA
A flor que se mostra
para mim no início da manhã,
emana a poesia vegetal
que se espalha em suave
aroma pelos ares frescos,
quando o sol ainda é morno.
No instante em que
o meu olhar de sono
entrevê uns restos de sonho
um tanto confusos,
pela alma que volta
ao meu corpo quase desperto.
No entanto, a flor,
com o seu riso verde-amarelo
de girassol, me convence
a pousar o olhar já nítido
em teu encanto florido
que embeleza o jardim.
Ainda criança, gostava
de pegar pequenos besouros
coloridos e contemplá-los
sobre as mãos pueris;
mas não colhia as flores
no pequeno jardim
à frente da casa, apenas
preferia vê-las sorridentes,
e não sabia que elas eram
a poesia que o meu olhar
a via, doando-se pela flor,
num prenúncio de arte poética.
Hoje eu sei que a alma
madura, esperou a criança
crescer, para tirar, pela visão
da flor, a poesia vegetal
instantânea que, antes
de espalhar o cheiro das flores
pelos ares frescos de sol
morno na tenra manhã,
faz com que o poeta que sou
relembre neste poema,
a poesia que se revelava
para mim, no corpo pueril.
Adilson Fontoura