REMINISCÊNCIA

REMINISCÊNCIA

A flor que se mostra

para mim no início da manhã,

emana a poesia vegetal

que se espalha em suave

aroma pelos ares frescos,

quando o sol ainda é morno.

No instante em que

o meu olhar de sono

entrevê uns restos de sonho

um tanto confusos,

pela alma que volta

ao meu corpo quase desperto.

No entanto, a flor,

com o seu riso verde-amarelo

de girassol, me convence

a pousar o olhar já nítido

em teu encanto florido

que embeleza o jardim.

Ainda criança, gostava

de pegar pequenos besouros

coloridos e contemplá-los

sobre as mãos pueris;

mas não colhia as flores

no pequeno jardim

à frente da casa, apenas

preferia vê-las sorridentes,

e não sabia que elas eram

a poesia que o meu olhar

a via, doando-se pela flor,

num prenúncio de arte poética.

Hoje eu sei que a alma

madura, esperou a criança

crescer, para tirar, pela visão

da flor, a poesia vegetal

instantânea que, antes

de espalhar o cheiro das flores

pelos ares frescos de sol

morno na tenra manhã,

faz com que o poeta que sou

relembre neste poema,

a poesia que se revelava

para mim, no corpo pueril.

Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 15/01/2018
Reeditado em 06/12/2021
Código do texto: T6226676
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