Lembranças de um tempo que não vivi
É essa coisa de memória:
De criar, de se alimentar, de fazer cair purpurinas
frente aos nossos olhos, de uma tal leveza
Que vivo sensações as quais não vivi...
O coração chorando
A minha alma sangrando
Os meus olhos lacrimejando
E a saudade apertando...
Andar por bosques imaginários
Ao som inusitado dos pássaros
E o mero sentimento de que o vento me leva
Me leva bem devagarinho...
Me vem à cabeça imagens do pôr do sol
E não é esse que vejo todos os dias
É justamente aquele que nunca vi.
E me pego presa à alegria de criança
No pedalar da bicicleta
Na imensidão de uma rua, para mim,
O mundo.
Reacendo em mim os risos soltos
Em meio aos outros
A inocência da rebeldia
E até um universo obscuro criado dentro de mim
Só por vaidade.
Os raios de sol eram mais fortes
E eu, mais radiante!
Porém
Tão feia e estranha
O que não era o “x” da questão.
Lembro-me do que senti e vivi
De alguma forma
É, eu lembro dessa forma
Forma de carinho
Doce nostalgia
Melancolia iluminada
Sentimentos transportados para a memória
E uma imensa vontade
Talvez, apenas vontade, de voltar aos tempos
Que eu vivi...
Com esse mesmo brilho ao qual olho a vida agora
Pois, sendo assim
Que caiam em abundância, lentamente
Purpurinas no campo de minha memória
Poderosa e infalível memória
Tendo isso
Reviverei ou somente viverei milhões de boas sensações
Até o meu último suspiro...