O PÓ VOLTA AO PÓ


É um espocar de tiros e uma mistura de gritos
Na tocaia covarde de quem quer me matar,
O cheiro forte do meu sangue que vejo aflito
Pagando o preço sem participar do conflito
Uma última visão das estrelas e da luz do luar.

Caído no pó com os olhos voltados para o céu
A boca aberta e os dentes de coelho rangendo
Apertando numa das mãos o amassado chapéu
Sentindo toldar-se os olhos com um negro véu
O brilho da lua nos olhos devagar esmaecendo.

Eu morro então a minha primeira morte na vida,
Foi uma boa morte em muitas horas, prolongada,
Eu não vi luzes, não vi anjos, nem gente querida,
E se ficasse ali esta teria sido a minha despedida
Transformando-me em pó junto ao pó da estrada.





EXTRAIDO DO MEU LIVRO

"APRENDA A MORRER UM POUQUINHO"

 
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 26/12/2017
Reeditado em 27/12/2017
Código do texto: T6208933
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