O COMBOIO DA VIDA
Há muito, muito tempo,
Partiu da estação da minha terra,
Um comboio carregado de sonhos,
Que iniciou uma viagem longa,
Passando por perigos medonhos,
Além de sonhos, também projectos
Esse comboio carregava,
Parando em muitas estações,
Para receber passageiros
Que se diziam de boas intenções.
Ao km. dez, passou por escolas,
Ao km. vinte, acolheu mulheres
Que o tomaram de boleia,
Passageiras clandestinas
Menos sérias e libertinas.
Entretanto o comboio parou
Numa unidade militar,
Para cumprir o serviço obrigatório
Difícil de seguir e praticar,
Mas que era meritório.
Parou entretanto numa Igreja,
Para celebrar o matrimónio,
Do seu principal passageiro,
Que recebeu um mensageiro,
A desejar-lhe felicidades.
Do km. 30 a 50, acelerou,
Para responder aos desafios
Da vida quotidiana,
Bastante exigente e invejada,
Pela eficiência do andamento.
Até ao km. 65, desacelera.
O andamento é cauteloso,
Por se tornar perigoso,
Pela fragilidade do comboio,
Que requer cuidados redobrados.
Após o km. 65 até ao fim da linha,
Os cuidados de manutenção são maiores,
Não vá o comboio descarrilar,
Deixando muitas vidas perigar,
A velocidade passa ao mínimo.
Ruy Serrano - 21.12.2017