Perfume

Certo dia

No qual minhas dores

Guiavam o meu andar

Minhas mãos encontraram

Versos perdidos

Na estrada do tempo

Mesmo que o papel

Não agradasse ao meu tato

Meus olhos os percorreram

E o nariz

Constantemente assombrado

Pela fumaça exaladas

Por esses monstros de metal

Finalmente descansou

Desse tormento diário

E teve o olfato surrado

Agraciado com versos

Forjados na primavera

Depois de tanto tempo

Alguns dos meus dias

Tão monótonos

Quanto um céu azul sem nuvens

Finalmente conseguiram

Ter algum brilho

Que fizesse com que suas lembranças

Tivessem seus resgates facilitados

Pela minha desgastada mente

E em uma dessas lembranças

Eu revisitei os versos

Que preencheram o nariz

Com o doce perfume

Quando ele ardia com a fumaça

Porém

Algo estranho corta minha mente

Como uma faca enferrujada

Um pensamento afiado

Se os versos perfumados

Voltaram para minha mente

Com bastante familiaridade

E tão intactos quanto ferro

Por quê o seu aroma não é sentido?

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 12/12/2017
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