Quando o amor força a porta
Espero que rompas o silêncio, e me procures.
Anseio que ligues. Preciso que fales que sente minha falta.
Conto o tempo para que chegue
aquela hora, a tua, em que me dizias com voz suave
sem pressa, o que se passava em teu coração.
Ao sentir-te tão próximo, cativa, fugi.
Você não percebeu meus subterfúgios de mulher...
Mandei-te embora, fria e insensível.
Depois chorei, abraçada ao travesseiro...
E agora, o silêncio pesa, as horas passam e tu não ligas.
Não me respeites tanto assim, necessito que ouses.
Sempre fujo.
Ainda mais quando o amor ameaça forçar a porta
que trago tão bem trancada...
Protejo-me com minha mais vistosa armadura,
cubro os espelhos para que não me denunciem
a alma atormentada que insiste em gritar pelos meus olhos...
Rompa o silêncio.
Espero, aflita, ser libertada pelo som da tua voz dizendo:
- Deixe-me tentar!
Terás que insistir, para que eu acredite.
Terás que soltar essas amarras já tão empedernidas,
envolver-me em teus braços,
longa e docemente,
e deixar teu coração falar diretamente ao meu,
até que venças minha resistência.
Aguardo que venhas...
Tu serás o primeiro a entender minhas fragilidades
e apostar nesse amor catártico
para rasgar em mil pedaços
esse despropositado e obstinado medo de ser feliz...