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Trinta e três escrevo
Trinta e três anos esperei
Três dias de agonia!
Três horas da matina
Sim, ressuscitei!
Errante caminhei sobre as águas
Valquíria para todos era!
E num galopar celeste
Lancei-me em sua espada
Ferida, restei sozinha
Num chão de estrelas resvalada
E em vermelho se faz a aurora...
_Sim! Grito ao corvo de outrora
Seus olhos negros
Paralisados,
Taciturnos são os olhos do meu amado.
Não mais o verei...
Bateu suas asas negras
Derramando minhas tristezas nesse oceano
Mar calmo, sereno, brando
Onde navegam os sonhos de tantos
Ondem jazem esperanças
Onde restam as minhas lembranças
Que trinta e três vezes concebi
Aninhei-me, retorci-me
Em novo desenho me moldei
Rosto de Nerfertiti
Olhos de Capitu?
Forjei-me do limbo ao mais puro cristal
Envidraçada, intocável
Enfeite-me para que tu
Me venerasses
Pois, no sempre, ali estarei
Por mais trinta e três anos
Três dias
E três horas,
Ainda o esperarei!