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Trinta e três escrevo

Trinta e três anos esperei

Três dias de agonia!

Três horas da matina

Sim, ressuscitei!

Errante caminhei sobre as águas

Valquíria para todos era!

E num galopar celeste

Lancei-me em sua espada

Ferida, restei sozinha

Num chão de estrelas resvalada

E em vermelho se faz a aurora...

_Sim! Grito ao corvo de outrora

Seus olhos negros

Paralisados,

Taciturnos são os olhos do meu amado.

Não mais o verei...

Bateu suas asas negras

Derramando minhas tristezas nesse oceano

Mar calmo, sereno, brando

Onde navegam os sonhos de tantos

Ondem jazem esperanças

Onde restam as minhas lembranças

Que trinta e três vezes concebi

Aninhei-me, retorci-me

Em novo desenho me moldei

Rosto de Nerfertiti

Olhos de Capitu?

Forjei-me do limbo ao mais puro cristal

Envidraçada, intocável

Enfeite-me para que tu

Me venerasses

Pois, no sempre, ali estarei

Por mais trinta e três anos

Três dias

E três horas,

Ainda o esperarei!

Madame F
Enviado por Madame F em 23/11/2017
Reeditado em 06/02/2018
Código do texto: T6180384
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