Lembranças diluídas...
.
Hoje,
me lembrei da boneca
que não tive,
da boneca tão sonhada,
e retida na memória
de minhas lembranças.
Amei todas que
se atreviam
olhar para mim,
através do vidro,
do exílio
das vitrines embaçadas.
Eu as amava
e as inventava,
tão bonitas,
tão sonhadas.
Amava seus vestidos,
seus olhinhos
sempre tão azuis.
Amava tanto,
sobretudo
porque não tinha,
e então eu as sonhava,
numa vaga esperança
de quem sabe, ganhar, um dia.
E foi assim,
dessa lembrança diluída,
que surgiu
o meu primeiro
verso torto, de menina.