TALHOS, ATALHOS E RETALHOS

Olho a sua talha(feição),

Que reside em meu coracao,

procuro meus atalhos,

Nos retalhos do meu coracao.

Fragmentos de sonhos,

dores quebrantadas,

Olhares medonhos,

de almas afugentadas.

Recolho-me aos meus sentimentos,

labirintos das minhas saudades,

E por todos os meus pensamentos,

retalho-me nas minhas vontades!

E lá bem distante dos olhos meus...

refugio nos meus olhares distantes...

Horizontes perdidos nos olhos seus,

que não alcançam nossas lembranças de amantes.

...E o tempo passa, como ave que voa,

sem nunca pousar em galho algum,

como a harpa distante que soa...

melodias de saudades apenas de um!

E este `um ` sou Eu!

Em algum lugar perdido no meu horizonte,

Pois as recordacoes por algo que valeu,

restam vestigios que pinga da fonte.

Como águias que brotam nas pedras minhas,

nos desertos dos meus retalhados desejos,

Sinto que já se perderam sozinhas,

O gosto enlouquecido dos beijos.

E o que fazer das recordacoes...

que gritam por dentro e por fora,

Se as nossas cancoes...

Se misturaram com as cantigas la de fora.

E assim, morro como quem sangra e treme...

numa estrada sem transeuntes e socorros,

Sem a alma que fora do corpo geme,

longe das maos que nao mais desceram os morros.

Vidas que morrem nas aquarelas sombrias,

nas manhas, tardes e noites firias...

Vaga, sozinhas nos leitos falhos,

longe da talho, atalhos e retalhos.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 06/10/2017
Código do texto: T6134594
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