ANTIGAMENTE...

Antes, as coisas eram mais simples:

a gente conseguia apreciar o silêncio,

não tínhamos mil coisas imprescindíveis,

havia tempo de decorar um poema, se ouvia

canções; a gente apreciava o luar e as estrelas;

nas noites ainda se andavam de mãos dadas nas calçadas…

Antes, as coisas eram mais simples:

as pessoas simples tinham uma paz única,

tinham roseiras na frente das casas, de manhã

achavam-se restos de orvalho nas pétalas; e o vento

trazia um perfume de dama da noite; ninguém tinha o

desejo de largar tudo e fugir para não se ter aviso de nada…

Antes, as coisas eram mais simples:

o sossego não nos era tão caro e raro,

a tarde nascia predisposta a andorinhas;

e tudo corria calmo como um riacho manso,

o homem encostado no poste falava da sua vida,

outros riam, uns namoravam repletos de uma ilusão real…

Antes as coisas eram mais simples:

os amigos não eram amigos virtuais,

tinham rosto e sobrenome, eram reais;

tudo de bom se dava no largo da Matriz:

o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira

dor, a derradeira paz, a última e tão duradoura saudade!