A CHUVA

A CHUVA

Quando chovia, naquela época,

Eu ainda me lembro bem,

Pela janela eu olhava a enxurrada

Da chuva, escorrendo ao longo do passeio...

trazendo em suas água, galhos, papeis, flores...

E, eu saia da janela quando a chuva diminua,

Era o momento esperado...

O barquinho de papel já estava pronto,

Abria a porta e indo até o meio fio,

Colocava-o na enxurrada para navegar...

Sem parar um só instante o barquinho deslizava

Nas águas amareladas... O seu rumo parecia

Ser certo. Ia para um lado... ia para o outro...

Aquela brincadeira era uma alegria só...

Chega aos meus ouvidos,

Um barulho de alguém chorando,

Ouço uma antiga canção de ninar...

É minha mãe, lembro-me bem,

Cantando para meu irmão caçula...

E eu estava na chuva e bem molhado...

Não queria deixar dessa brincadeira...

Eu não sabia o que fazer... entrei na minha casa

Comecei a beijar minha mãe... meu irmão não

Chorava mais, dormia a sono solto...

Eu bem depressa me aninhei na cama...

Lembro-me bem, que chovia muito,

Chovia sem parar, mas logo anoiteceu...

... e a chuva intermitente foi até ao amanhecer...

tancredo
Enviado por tancredo em 19/10/2005
Código do texto: T61135