MEU RECADO

Mesmo que a terra não nos dê mais flores

Mesmo que o mar já não dê seu pescado

Fome, conflitos, lágrimas e dores...

Apesar disso darei meu recado.

Quero amor presente em toda a parte

Quero a pureza que há na criança

A alegria solta e muita arte

Que o meu povo viva em só festança.

O chilrear de todos passarinhos

O adocicado zumbido de abelhas

Todo o perfume de um jardem florido

O som da chuva caindo nas telhas.

Quero brincar com a bola de gude

De pega-pega e rodar pião

De bilboquê, carrinho de bombeiro,

De ambulância, polícia, avião.

Comer gostoso aquele quebra-queixo

Bala, biju e doce-algodão...

Correr atráz do velho realejo

De peito aberto e de pés no chão.

Nada mais disso por aqui eu tenho

Nem mais existe aquela criança

Toda a pureza que no mundo havia

Só se encontra em grata lembrança.

Quem pode, então, viver aquela vida

Que nem mais sombra dela ainda existe?

Grande pesar carrega em sua alma

Sem que o queira leva a vida triste.

Já não se pode mesmo mudar nada

Pois o destino assim traçou e quis

Direi chegando ao fim da minha estrada:

Muito brinquei, amei... eu fui feliz.

Paulo Rogério Pires de Miranda

Todos os Direitos Reservados ao Autor