ACOLHEDOR ABRIGO

Deito contigo, acolhes-me em teu seio,

feito a amante faminta de desejo;

abres tuas abas eu entro no meio,

aproveitando o formidável ensejo

repousante, deleite regalado

do balançar da brisa protetora;

vais lá e vens cá no sonho acordado.

Jardim delícia, mente inspiradora;

fenecem amarras, soltam-se grilhões;

dores e mágoas, simples passageiras,

vão deslizando, formam aluviões,

levando no enxurro as ribanceiras,

arrancadas pela voraz pororoca

que só teme uma força poderosa:

a Floresta Amazônica que a sufoca.

No remanso do excelso sentimento

e no abanar das folhas a efluir,

agasalho-me em teu enlaçamento,

minha querida rede de dormir.

Ambrósio Henrique
Enviado por Ambrósio Henrique em 15/07/2017
Reeditado em 17/08/2018
Código do texto: T6055122
Classificação de conteúdo: seguro