ACOLHEDOR ABRIGO
Deito contigo, acolhes-me em teu seio,
feito a amante faminta de desejo;
abres tuas abas eu entro no meio,
aproveitando o formidável ensejo
repousante, deleite regalado
do balançar da brisa protetora;
vais lá e vens cá no sonho acordado.
Jardim delícia, mente inspiradora;
fenecem amarras, soltam-se grilhões;
dores e mágoas, simples passageiras,
vão deslizando, formam aluviões,
levando no enxurro as ribanceiras,
arrancadas pela voraz pororoca
que só teme uma força poderosa:
a Floresta Amazônica que a sufoca.
No remanso do excelso sentimento
e no abanar das folhas a efluir,
agasalho-me em teu enlaçamento,
minha querida rede de dormir.