O piloto e o aviãozinho
Estava um tanto apressado: o avião ia decolar
e eu estava atrasado.
No corre-corre da pressa
não dei muita atenção ao que pedia meu filho
com um papelzinho na mão:
-Papai, me faz um avião!
-Agora não! Não tenho tempo.
Foi minha resposta, no ato.
-Papai, dobra o papel que o resto eu faço...
insistiu na sua inocência,
sem atinar para a importância da pressa
nem para sua impertinência.
-Agora não! Falei uma vez mais.
Mas, logo percebi o que realmente eu fiz;
vi aquela criança, meu filho,
afastar-se, infeliz, para o seu mundo.
Parei tudo... O abracei e fiz o aviãozinho.
O meu prêmio veio na hora
no seu sorriso de satisfação
e na sua exclamação:-Papai, ele voa!
Na pista, no beijo de despedida,
abracei forte meu filho,
que abraçava seu novo brinquedinho...
-Papai, leva ele pra você! Pra você não me esquecer!
Com o sorriso mais belo
que os seus quatro anos podiam oferecer,
recebi o que me foi ofertado com o maior dos carinhos
para jamais esquecê-lo.
Com um nó na garganta,
na comunicação sem palavras,
deixei as lágrimas correrem...
Foi o maior dos presentes
que jamais recebi, foi o mais belo dos atos
de amor que vivi.