Saudades da minha terra

A música é um som combinado, harmonioso

Quase sempre fica gravado na mente

O mesmo acontece com a comida

Ofertada ao longo da vida

Por mais que a esqueçamos

Basta um cheiro, um acorde

Vire e mexe ronda bem fundo a imaginação

E lá vamos nós retornando

Cruzando passado e presente

Quando chego à terrinha

Distinguo meu rumo

Reviso meu plumo

Campos, planos, pequenos morros

Caminhos, estradas percorridas

Escolas, colégios, recreios

Lições da vida e pra se viver

Sinto a aragem

O sangue na veia pulsar

Um pássaro que voa acolá

Bem distante (El Condor Passa)

Corre a miragem de uma fantasia

Um Cine Brasil saudoso

Matines sessões vespertinas, noturnas

Domingos com a namorada

Quermesses na praça da matriz

Dias de sonhos, mãos dadas

O vento no mato, nos cafezais

As borboletas coloridas a voar

Cantar dos pássaros

O barulho suave

Uma canção a espalhar

Dos passeios nos riachos da região

Ainda sinto o toque das pedras

Nos dedos dos pés

Pois, adentrávamos descalços

Pescar de peneira

Eram lisas como sabão

As águas deslizavam

Junto com elas nossos sonhos

Caçadas de alçapão

A mãe natureza meu pedido de perdão

De vez em quando um corte, um esfolado

Não importava um pouco de dor

Seguíamos contente mais um domingo

Ainda tinha a cachoeira de Polinopolis

A recompensa; espuma das águas

Abrilhantando uma tarde na história

Gritos da molecada a ecoar

Escutava-se de longe

Estilingue, espingarda de pressão

Uma vez mais, mãe natureza

Conceda meu perdão

Viver aqueles dias era o que queria

A gente brincava de montão

Hoje não experimento aquele gosto mais não

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 04/06/2017
Reeditado em 25/09/2017
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