EM JEITO DE DESABAFO
Mal cheguei, vou partir,
Não sei para onde,
Não quero ficar onde estou,
Pertenço a outro lugar,
Tenho de o encontrar,
Foi onde tudo ficou.
Perdi o rumo e a rota,
Já não há barcos que me levem
Só há aviões ultra rápidos,
Que atravessam os ares,
Longe dos mares,
Onde não posso viajar.
Já não há aeroportos e cais de embarque
Como os de antigamente,
Em que a família se despedia
Sem saber porquanto tempo,
E as cartas chegavam de mês a mês,
Com notícias atrasadas.
Não posso viajar pelo ar,
Porque a minha bolsa é magra,
Mal dá para a fome matar,
Nem vícios posso ter,
Só jornais para eu ler,
E não morrer ignorante.
Ruy Serrano - 13.02.2017