Uma vida
Comprei o vinho costumeiro,
O de sempre,
Cheguei mais cedo,
Ao telefone diz que prefere o cuscuz,
Abro o vinho,
Coloco a carne seca para tirar o sal,
Amasso o alho,
Corto as cebolas,
Ela é apaixonada por alho,
E por vinhos baratos,
Ela chega;
-Léo, morta!
E me dá aquele cheiro costumeiro,
A taça dela cheia,
Que eu sentir, vi!
Quando nosso preto,
Levantou as orelhas,
E Nick foi até a porta,
Gatos macumbeiros e visionários,
Incenso aceso,
Enya na vitrola,
-Vamos brindar?
-Cheiro bom,
E me abraçava, dançávamos,
Como se não houvesse futuro,
Como se nada existisse,
Agarrava-me a noite,
Como se eu fosse cair.