A FALA DA MINHA ANDANÇA
“Da minha aldeia pro mundo”
Depois da terra amanhada
Aqui e além bem adubada
Em profícuas sementeiras
Sem receio de safra errada
Revesti palavras guerreiras
E parti para a jornada.
Olhei ao norte e ao sul
Quer debaixo de céu azul
Quer sob nuvens cerradas
Com palavras que recriei
Por veredas calculadas
Tirei sortes e avancei.
Mar imenso, estranha gente,
Com a estrela sempre à frente
Poemas mil em minha nau,
Com marés de alternância
Quer sondando quer a vau
Fui gerindo a militância.
Minhas falas deram brado,
Com empenho redobrado
Joeirei um canto novo
Que me fez encantamento
E, arredando todo o estorvo,
Fiz da vida condimento.
Foquei todas as matérias
Com tarefas muito sérias,
Minhas falas, revestidas
Por palavras cinzeladas,
Foram sempre enriquecidas
De virtudes encantadas.
Cirandei de terra em terra
Semeei paz e fiz a guerra,
Como mestre e aprendiz
Procurei investimento
Nos quatro cantos do país
Com Poesia solta ao vento…
Nunca voltei o rosto à luta
Nem fingi qualquer conduta
Com máscaras e fantasias,
Como outrora e agora mais
Minhas falas são vadias
Pra a plebe e pros generais.
Sendas e andanças de mim
Larga tribuna e trampolim
Num horizonte de esperança,
Eis minha fala moída ao vento
Minha eira, minha andança
E versos de contentamento!
Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA E DO MEU PAÍS