OITENTA E UM ANOS
Acabei de nascer, com o cantar do galo,
Eram cinco horas e meia,
Foi para a família um regalo,
E para mim uma sorte,
Ter nascido com pé de meia,
E com ambição forte.
Cresci e vivi feliz,
Naquela terra que me viu nascer,
Fiz amigos com quem brinquei,
Muitos jogos eu joguei,
O maior foi o puzzle da vida.
Que construí com sabedoria.
Com coragem e determinação,
Criei meus patrimónios,
Minha grande aspiração,
O material perdi em Cabinda,
O familiar está comigo ainda.
Afastei de mim os demónios.
Em Portugal retomei minha cruzada,
Pisei mau piso de calçada,
Enfrentei novos desafios,
Tive a vida por um fio,
Valeu-me a muita Fé,
E ao meu finca pé.
Depois da minha reforma,
Dediquei-me à poesia,
Recuperei a alegria
De viver com a sobra
Duma vida preenchida,
Que terá seu fim um dia.
Ruy Serrano - 25.09.2016