Habitando Reticências

Habitando reticências

Em frente à cristaleira

Retirem-se todos os panos

Que hoje não há tempestade

Só viagem ao cerne da infância

No navio do pensamento

À cidade de bicos e bojos

Licoreiras de esmerada feitura

Castelos tolos de areia

A uma sala de espelhos

Cidade toda de vidro

Lá dentro o mundo se inventa

E ela faz a sua parte

E adivinha quem é ela

Sua imagem verdadeira

Se há milhares dela lá dentro

Escondendo-se feito criança

Em intrincadas galerias

Fugindo pela esquina

Mas eu te pego na volta

E pegou mesmo a danada

Vendo-se de muitas maneiras

Viajando de modos diversos

Do começo ao fim dos tempos

Sem precisar movimento

Imóvel na frente do móvel

Se encanta com o pique-pega

Grita estátua acabada

E com ele viaja ao passado

Comerão dos mesmos mimos

Da compoteira verde-figo

Onde a avó armazenava

Docinhos de chocolate.

William Santiago
Enviado por William Santiago em 05/09/2016
Código do texto: T5750769
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