OUTROS TEMPOS

O mundo hoje está moderno

Está muito diferente...

Outros modos e costumes

Do que fora antigamente.

Sou do mato, sim senhor

Lá das bandas Almino Afonsense

Lá vivi infância e adolescência

Lugar bom de se viver, pense!

Mas precisava estudar

E nunca gostei de pau-de-arara

Vim pra cidade grande

Onde a vida é mais difícil e cara.

Mas conquistei meus objetivos

Sempre fui braba, seu doutor

Quando quero uma coisa

Luto sem nenhum temor.

Sou do tempo em que ser chique

Era ser lorde

Do tempo da cristaleira

Outros tempos, recorde.

Roupas guardava-se arrumadinhas

Dentro do alinhado camiseiro

Banho era de cuia

Não havia chuveiro.

Panelas de alumínio em tripé

Ou também chamada de bateria

Pilhas erram carregos usado em rádios

Para ouvir as cantorias.

As cadeiras eram em x

Com um centro retangular

Tinha também as preguiçosas

Bom lugar pra descansar.

A água guardada em potes

Nada de geladeira

E os copos por sua vez

Arrumados na copeira.

Viagem usava-se

Uma mala de madeira

Com dobradiças e pinos

Pense num material de primeira.

Feira só aos domingos

Após andar léguas a pé

Quem vive os tempos de hoje

Nem imagina o que isto é.

Só quem nasceu no sertão

Conhece codorna, juriti, corduniz...

Tempos bons foram aqueles

Lugar de gente feliz.

Nada contra a modernidade

Facilita a nossa vida

Só penso que a criança de hoje

Tem infância reprimida.

Não tem a oportunidade

De ser livre para crescer

Vive presa entre quatro paredes

Pouco espaço para aprender.

Restrita aos objetos tecnológicos

Recebendo tudo pronto na mão

Castra sua criatividade

Reduz sonho e ilusão.