O MENINO RUY
Esse menino que eu conheci antigamente,
Era um menino brincalhão, muito educado,
Que ansiava por crescer e vir a ser gente,
Tendo-se esforçado por ser aluno dedicado.
Era líder de seus amigos das brincadeiras,
Com seu pai participava nas visitas à roça,
Onde colhiam fruta, permutando nos povos,
Bens coloniais por vários artigos ocidentais.
Esse miúdo cresceu com muitas ambições
Muitas tornadas realidades, outras goradas,
Foi bom aluno, construiu valioso património
Material e familiar, seguia linhas estudadas.
Quis o infortúnio que os sonhos do menino
Rui se desvanecessem, muito mais tarde,
Vendo o património sem razão, confiscado,
Depois de uma vida inteira de mui trabalho.
A providência compensou-o com a saúde
Que desfruta, dando-lhe vontade indómita,
E inspiração para escrever obras literárias,
Crónicas e versos para serem partilhados.
Se outra coisa não fora, viver em sossego
E em paz, é tudo quanto o Ruy ambicionara
Quando então contra vontade sua deixara,
A bela terra que o vira nascer, total apego.
Ruy Serrano - 25.07.2016