UM MIÚDO DOUTRO TEMPO
O miúdo descalço e traquina, de sua mãe fugia
E para a rua ia brincar com a bicharada,
Cães, gatos, ratos, pássaros e cobras,
E seus amigos pretos e brancos,
Confundiam-se com o mato,
Cheios de prazer e encantos.
O miúdo vestia bibe e descalço andava,
A sua mãe desobedecia e contrariava,
Fazia o que melhor lhe apetecia,
Com frequência desaparecia,
E só ao fim da tarde regressava,
Sujo e exausto de tanto brincar.
Era um miúdo como tantos outros de então,
Que viviam com total liberdade,
Privando com a natureza,
Em momentos de rara beleza,
Estando à beira da puberdade,
Tão difícil e incontrolável idade.
Esse miúdo era eu e a esse tempo pertenço,
O recordar tão belos momentos não dispenso,
Fazem parte da minha vida de criança,
Quando tudo para mim era esperança.
Ruy Serrano - 18.07.2016