Aqui tudo é diferente
Paiol, tuia e celeiro
Trabalhava o dia inteiro
Sem um dia descansar
Enxada, foice e machado
Lidei com burro de arado
Para a terra cultivar.
Banho de rio, pescaria,
Lá no sítio eu vivia
Sem nada me amolar
Mas um dia infelizmente, meu sitiozinho,
De repente, eu tive que abandonar.
Na cidade, a modernidade
Velocidade e vaidade
Mas ninguém pra prosear
Aqui tudo é diferente
Tem esse "tantão" de gente
E ninguém pra me escutar
Me lembro dos trabalhos na roça
E como o trabalho rendia
Todos trabalhando, cantando e proseando
Logo chegava o fim do dia
Tanto, que a gente nem se apercebia.
Hoje olho o meu passado
Fico tão emocionado
Que me ponho a chorar.
O progresso, esse malvado
Muito tem me machucado
Mas dele não pude escapar,
Só me restam as lembranças
Do meu tempo de criança
Que não vou mais recuperar.
Observo o vai e vem dos caminhões e fico triste,
Pois, nem de longe isso me lembra, meu carro de boi a gritar.