Lembranças
Há quanto tempo minha terra deixei,
dela, com saudades me lembro ainda,
recordo daquelas plagas que tanto amei
daquela região rústica, de beleza infinda.
Lembro de coisas simples que lá ficara,
do moinho de fubá e do velho engenho,
da canga de bois que para domar, eu ajudara,
para o trabalho que fazia com desempenho.
Lembro do carro de bois em que eu era candeeiro
no transporte de lenha para a locomotiva
me lembro, da tropa e do tropeiro
todos em um trabalho de vida emotiva.
Da velha tulha onde se armazenava,
todos os produtos da terra, colhidos,
da tropa que os transportava
naqueles velhos tempos idos.
Que bons tempos eram aqueles
de vida simples e fagueira
onde mulheres e homens, todos eles
a noite rodopiavam em volta da fogueira.
No ritmo do velho e bizarro cavaquinho
dedilhado às vezes, sem sintonia
em volta da fogueira com carinho
havia alguém a contar estórias com alegria.
O tropeiro contava a sua aventura,
o trabalhador rural, sua façanha,
o peão contava sua bravura,
de suas bravatas, ninguém se acanha.
Me lembro da capelinha
onde se reunia a comunidade,
em verdadeira harmonia
formando fraternidade.
Hoje, não tem mais, os carros de bois
nem tulha velha para cereais armazenar;
o tempo da tropa já se foi
só nos resta velhos tropeiros para aquele tempo relembrar.