DESDE QUE PARTI...

Desde que parti, muita coisa se passou,

Atravessei mares, caminhei por desertos,

Tudo perdi, o que eu construí, tudo ficou,

O mundo é hoje e será dos mais espertos.

Desde que parti, nada de novo descobri,

Tudo é repetitivo, irreal e inconclusivo,

No meu espelho me revejo sem rugas,

Apenas no coração guardo amarguras.

A vida não é desperdício é para reciclar,

Devemos por ela lutar e nos sacrificar,

Pois enquanto houver vida, há sonhos

Para sonhar, mesmo que medonhos.

Atravessei corredores, subi escadarias,

Entrei em quartos de certas lavandarias,

Descobri roupa manchada de vermelho,

Sangue derramado por um pobre velho.

Nas entrelinhas da minha longa vivência,

Li crónicas, contos, poesia e certa ficção,

Que me deram toda a minha inspiração,

Pra eu escrever poesia de sobrevivência.

Ruy Serrano - 31.05.2016