Vejo em você...
Vejo em você as razões para minhas desrazões,
no escuro de almas em busca de candeeiros,
tateando as paredes de tristes recordações,
procurando curas para as dores intensas da alma,
clamando pelo fim do silêncio que nos habita em profundidade,
diga-me qual o sentido dessa luta sem fim?
Vejo em você pedaços de mim de outrora,
um quebra-cabeças de confusões em tormentos,
nadando contra ondas ferozes à chocar-se em recifes,
procurando salvação para um espírito que dança no precipício,
correndo por desfiladeiros de sanidades corrosivas,
diga-me qual a razão dessa jornada de tolos?
Vejo em você o que poderia ter sido se tivéssemos uma chance,
uma japamala de pedras da lua cantando para o destino,
andando em signos de alquimias passadas desenhadas nas calçadas,
procurando redenção para erros que assombram dias e noites,
esmurrando sacos de areia inexistentes em estúdios vazios,
diga-me qual a razão desses delírios de amor perdido?
Vejo em você meus sorrisos e minhas lágimas mais reais,
um caleidoscópio de cores armadas em pinturas pós-modernas,
lançando meus gritos mudos contra furacões intempestivos,
procurando um reencontro comigo mesmo à cada respiração,
dobrando meus joelhos no penhasco das decisões tardias,
diga-me qual a razão dessa vida incompleta?