MARESIA
Quando em criança, à noite me sentia só,
Deitava-me nas areias da minha praia,
E com a luz da lua a resplandecer na água,
Respirava fundo e absorvia a forte maresia.
Inebriado ficava com o cheiro da maresia,
E o bater das ondas nas rochas eu ouvia,
Momentos sublimes de magia desfrutava,
Sereias imaginárias seu amor me juravam.
As noites pareciam curtas, eu não desistia
Até ao nascer do sol na linha fina do mar,
Voltava à realidade, eu parava de sonhar,
Com a roupagem dum novo dia me vestia.
Noites belas da minha terra, que saudades
Me deixaram para todo o sempre, lamento
Meu não viver nesse tempo, são memórias
Que me dão prazer e serão o meu sustento.
Estou longe, mas a maresia está bem viva,
Vem ter comigo embrulhada em sonhos,
Traz com ela as imagens da minha terra,
Que recordo com paixão e muita gratidão.
Ruy Serrano - 22.05.2016