BRINCANDO DE INFÂNCIA.
Cadê meu boizinho de barro
Meu carretel de brinquedo
Que eu empurrava com o dedo
Mode ver ele andar.
Cadê minha lata de leite
Que eu enchia de terra
Prendia com um barbante
E me danava a puxar.
Quero de volta o carrinho
Que eu fazia de lata
Tirava a alpercata
Pra correr no terreiro
Eu tinha um time inteiro
Feito de quenga de coco
E um cavalinho de um toco
Feito de um ingazeiro.
Cadê meu sapato conga
Minha bola "canarinho"
Meus gafanhotos,tudinho
Meus seixos minha peteca
Minha cadela sapeca
Meu revolver de pau
A minha roupa amassada
A minha perna arranhada
De uma queda lá no quintal.
Cadê meu soldadinho de chumbo
E minha espada de cano
A minha máscara de pano
Que eu imitava um bandido.
Cadê o papel de seda
Com a linha "corrente"
Que eu soltava contente
Meu "papagaio" colorido.
Cadê minha perna de pau
Meu time, meu gorro
A minha toalha de banho
Que dava bem o tamanho
Da capa do zorro.
Cadê "um, dois três já"
Que fazia a gente correr
Rumo ao barreiro
E quem chegava primeiro
Caia nas águas barrentas de lá
Cadê a banha na brasa
Cadê o "ô de casa"
Meu Deus onde está.
Cadê meu pega varetas
E a minha bicicleta contra pedal
Cadê eu quero apareça
Meu quebra cabeça
Formando um arraial.
Cadê a roda de ferro
Que com um gancho de arame
Era um brinquedo perfeito
Cadê meu anel de caveira
Que vinha colada
E as vezes amassada
No papel de confeito.
Cadê o álbum de figurinhas
Cadê minha cola
De goma branquinha
Cadê as figuras eu quero colar
Cadê minha brincadeira
Cadê a lancheira
De azul escolar.
Cadê o perigo da faca
E o visgo da jaca
Pra pegar passarinho
Cadê o meu canivete
E o meu patinete
Feito de rolimã.
Cadê isso tem importância
São tesouros de infância
De uma velha manhã.