O Contestado, ontem guerra, hoje cultura.
O Contestado, ontem guerra hoje cultura.
Eu agora vou contar
Uma parte da história
É triste de amargar
Mas continua na memória.
Antigamente nossa região
Assim como o Brasil
Era habitada por índios
Que sempre existiu.
Com a chegada dos portugueses
Esse destino mudou
Apareceu o caboclo
Das raças que cruzou.
Com o tempo Coronel Gualberto trouxe
Os imigrantes com seu barco,
Os trazia na mesma hora
E não os levava embora.
Deixava que eles apreciassem
O bom clima da região,
Que dançassem com alegria
Que experimentassem o chimarrão,
E a tristeza fosse embora do seu coração.
Nossa região tinha
Vários povos muito felizes
Eram os imigrantes que vieram
De outros países.
Surpreendentemente apareceu
O Monge São João Maria
Que trouxe o lado religioso
Para o povo que aqui vivia.
Um segundo Monge apareceu
40 anos antes da guerra
Que continuou ensinando e bendizendo
A religião à este povo da terra.
O progresso estava chegando
Com uma decisão do governo
Em que precisava
Se construir uma ferrovia
De São Paulo ao Rio Grande do Sul.
Aqui terra rica
Além da natureza intocada
Muita madeira existia
A ser explorada.
Foi assim que o governo
Mudou o destino de toda nossa região
Mandando prá cá muitas famílias
Para tomar posse de uma terra já habitada.
O destino então surpreendeu
A rotina e a paz de muitos vilarejos
Não demorou então
A expulsão do sertanejo.
Muito humildes sem condições
Sem armas sem documentos
Foi aí que apareceu
O falso Monge José Maria se dizendo
Irmão de São João Maria.
Contestado,
Mas quê tanto reclamavam
As terras disputavam
Além do mesmo espaço.
Homens e também mulheres
Ana Paes costureira
Chica pelega a curandeira
Maria Rosa a corajosa.
De todas elas a que mais se destacava
Era Maria Rosa que era secretaria direta
Do falso Monge José Maria
Que se dizia irmão de João Maria.
Como o sertanejo, caboclo
Sendo expulso e desiludido
Se apegaram ao falso monge
Que revolucionou a história
Armou o caboclo, organizou a Guerra
Muito sangue, muita morte.
Enquanto isso a ferrovia estava sendo construída
Trabalhadores montavam de dia
Ee os índios destruíam à noite
Com tanta confusão
Chegavam Cada vez mais
Militares armados até o avião.
Entre Peludos e Pelados
Aqui era caminho
De tropeiros que passavam
De são Paulo ao Rio Grande do sul
Para transportarem o gado.
A guerra se estendeu em Porto União da vitória
Canoínhas, Caçador, Lages, Irani, Matos Costa,
sofreram com a maldade
Quase 20 mil pessoas entre heróis crianças e inocentes
Perderam a vida em meio a tanta crueldade.
Entre tantos personagens
Adeodato o mais cruel de todos
Entre tanta confusão
A vida se confundia com a morte
E o progresso com a destrição.
O Capitão Matos Costa
Numa tentativa de paz com Maria Rosa
Quando a guerra se dizia acabando
Perdeu a vida de maneira honrosa.
Mas a vida vence a morte
E da guerra reina a Paz em 1917
Uma data tão marcante
Que ninguém jamais esquece.
Pra a vida de muitos povos
Um futuro diferente
Com paz, esperança e liberdade
Para reconstruírem finalmente.
Com limites entre estados
Porto união da Vitória
Finalmente ganha um irmão
Mesmo em estados diferentes
Nasce Porto União.
Nossos antepassados ainda se emocionam
Com histórias que conheceram
De pessoas que viveram
E eu tão pequena agradeço por não viver
Este terrível pesadelo.
Poesia criada por minha filha GABRIELLE MAROCCO ROSA
Q foi selecionada e está no livro do “Centenário do Contestado” Projeto 100 Anos do Contestado UNOCHAPECÓ/2013.