Ícaro

Mais uma vez eu olho para o céu.

Miro também a parede onde pendurei as asas.

Por que eu parei de voar?

Certamente não foi por medo da altura, ou mesmo de cair.

Estaria eu equivocado quanto aos medos?

Temo a brisa no rosto, as madeixas ao vento.

Temo o gosto de liberdade, o calor do Sol, o sabor do mar.

Temo o frio na barriga e a visão do mar enquanto caio.

Miro as asas na parede e me enfureço.

Destruo pena por pena, sinto ódio de cada ser alado.

Me arrependo, construo, refaço e visto as asas no topo da torre.

Me lanço.

Me arrependo novamente (não), bato as asas e subo mais alto do que deveria.

As penas fogem, o fogo assume.

Ventos açoitam o rosto, cabelo chicoteando o ar.

Eu despenco.

Juro que um dia eu aprendo a caminhar.

Sarah Magno
Enviado por Sarah Magno em 28/03/2016
Reeditado em 15/07/2023
Código do texto: T5587961
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