A MINHA CASA DE MADEIRA COLONIAL

Naquela casa de madeira e telhado de zinco,

Onde eu nasci e cresci, passei os momentos

Melhores da minha vida, com minha família,

Amigos e amimais, minha melhor companhia.

Das nove casas que conheci, esta é a casa

Que me ficou no coração e com saudades.

Eu recordo com emoção, a cama de ferro

Com colchão de palha e seu mosqueteiro.

Ainda sinto o cair da chuva naquele telhado

De zinco, e o cheiro forte da terra molhada,

Que sem pedir licença casa dentro entrava,

Enquanto eu mergulhava em sono sonhado.

A sina daquela casa estava há muito escrita,

Os ingleses a venderam a meu saudoso pai,

O estado colonial condenou a sua demolição,

Para ser substituída por prédio de cimento.

Continuou a má sina do prédio lá construído,

Seis décadas depois, outro estado e governo

Tomou posse desta e doutras propriedades,

Ignorando o direito às suas indemnizações,

A história da meia parte da minha longa vida,

Fica pois reduzida a simples linhas de poesia,

Que depois de lidas são deitadas para o lixo,

Por partirem do princípio que eu já não existo.

Ruy Serrano - 14.03.2016

Ruy Serrano
Enviado por Ruy Serrano em 13/03/2016
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