Perdição

Perdi meu lirismo primeiro,

Meu lirismo asnal, vagueiro,

Que como aparição me surgia,

Nas tardes vagarosas.

Perdi o lirismo dos dias,

A minha voz amorosa.

Perdi-me e confuso estou,

Sem sinal da escrita metódica,

Só o desleixo do verso rabiscado,

Flutuando, assim, sem forma,

Feito cabelo desgrenhado.

Perdi a escrita costumeira,

A escrita simples e rotineira,

De quem escreve o cotidiano.

Perdi-me em besteira,

Numa tosca visão grosseira,

De um mundo de desengano.

E com ela me desenganei,

Com a tal que vivi a poucos anos.

Por uma mulher que me engracei

Perdi-me, com seu simples te amo.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 04/03/2016
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