Perdição
Perdi meu lirismo primeiro,
Meu lirismo asnal, vagueiro,
Que como aparição me surgia,
Nas tardes vagarosas.
Perdi o lirismo dos dias,
A minha voz amorosa.
Perdi-me e confuso estou,
Sem sinal da escrita metódica,
Só o desleixo do verso rabiscado,
Flutuando, assim, sem forma,
Feito cabelo desgrenhado.
Perdi a escrita costumeira,
A escrita simples e rotineira,
De quem escreve o cotidiano.
Perdi-me em besteira,
Numa tosca visão grosseira,
De um mundo de desengano.
E com ela me desenganei,
Com a tal que vivi a poucos anos.
Por uma mulher que me engracei
Perdi-me, com seu simples te amo.