Anjos Tortos
Almejei resgatar dos seus olhos claros
O brilho que quando crianças
Tínhamos ao despertar
Tempo em que nada nos impedia o sonhar
Porque o mundo já era nosso
Não sabíamos que no transcurso do dia
Tudo se modificaria, ou poderia se transformar
Afinal, ninguém houvera ponderado
Que também nós, poderíamos falhar
E por não sabermos ser passíveis da falha alheia
Consentimos inocentes e entalhamos o futuro
Na margem clara e quente da areia e, foi tão estranho
Mas quando anoiteceu, a lua nos nasceu, cheia
Mas veio o vento e soprou, veio a onda e apagou a escrita,
Malogrou meus passos e eu não sei em que momento foi
Que a quimera se dissipou, com ela me deslembrei
Dos meus antigos sonhos também
Talvez, anjos tortos tenham dito amém
E a vida esqueceu, esqueceu a insensatez
Ainda procuro em vão por um vão de lucidez,
Que apreenda em meus sentidos em qual dos luares foi,
Que não me fiz ou me deixei entender
E o futuro predito deixou, deixou de acontecer
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