OS NOSSOS CARNAVAIS (SOMENTE PARA QUEM É SAUDOSISTA)

Tão longe, tão distante lá se vai,

Pierrô, Arlequim e a Colombina,

o tempo se foi e já não combina,

à serpentina em espirais que cai!

Salões motivados, ornamentados,

Odaliscas, cervejas e muita folia,

chocalhos, apitos, loucura, gritaria,

reco-recos e os confetes coloridos!

Rei Momo gordo, reinava nesses dias,

três dias que findavam nas avenidas!

Em sedas, paetês, plumas e lantejoulas,

desfilavam graciosas e lindas crioulas!

Nas ruas animação, carros alegóricos,

retratavam casos e os fatos históricos!

Havaianas, baianas, tirolesas, fantasias,

enredos, passistas, tristezas e alegrias!

Doido, lança perfume no lenço aspira,

pirata de nau nefasta, que pirado fica.

A fantasia inolvidável que mais gostei,

pudico, modestamente no salão deixei!

A dança pagã, não parava de tocar,

e, gargantas roucas de tanto gritar!

Os palhaços em roupas desiguais,

alegres avivam, aqueles carnavais,

o tempo levou, antigas bandinhas,

e os três dias enterrados, estão!

O som que rimava, as marchinhas,

na quarta de cinza, calados estão!

Nas passarelas, foram tantas belas,

que desfilavam, sem nenhum pudor,

o tempo caprichoso, cruel com elas,

as transformaram, com muito rigor,

dessas belas já não mais se espera,

outros folguedos, possam promover,

a exuberância que outrora houvera,

dista longe e não se pode mais ver...

farristas cansados, abandonam o salão,

deixando, bisnagas e confetes no chão!

O corso encalhado na rua depauperou,

suas rodas arqueadas o tempo travou!

Os festejos se foram na simplicidade,

o samba enredo, não se canta mais,

nos salões vazios, restou a saudade,

dos carnavais, que não voltam mais...

Domingo Lage
Enviado por Domingo Lage em 09/02/2016
Código do texto: T5538104
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