OS NOSSOS CARNAVAIS (SOMENTE PARA QUEM É SAUDOSISTA)
Tão longe, tão distante lá se vai,
Pierrô, Arlequim e a Colombina,
o tempo se foi e já não combina,
à serpentina em espirais que cai!
Salões motivados, ornamentados,
Odaliscas, cervejas e muita folia,
chocalhos, apitos, loucura, gritaria,
reco-recos e os confetes coloridos!
Rei Momo gordo, reinava nesses dias,
três dias que findavam nas avenidas!
Em sedas, paetês, plumas e lantejoulas,
desfilavam graciosas e lindas crioulas!
Nas ruas animação, carros alegóricos,
retratavam casos e os fatos históricos!
Havaianas, baianas, tirolesas, fantasias,
enredos, passistas, tristezas e alegrias!
Doido, lança perfume no lenço aspira,
pirata de nau nefasta, que pirado fica.
A fantasia inolvidável que mais gostei,
pudico, modestamente no salão deixei!
A dança pagã, não parava de tocar,
e, gargantas roucas de tanto gritar!
Os palhaços em roupas desiguais,
alegres avivam, aqueles carnavais,
o tempo levou, antigas bandinhas,
e os três dias enterrados, estão!
O som que rimava, as marchinhas,
na quarta de cinza, calados estão!
Nas passarelas, foram tantas belas,
que desfilavam, sem nenhum pudor,
o tempo caprichoso, cruel com elas,
as transformaram, com muito rigor,
dessas belas já não mais se espera,
outros folguedos, possam promover,
a exuberância que outrora houvera,
dista longe e não se pode mais ver...
farristas cansados, abandonam o salão,
deixando, bisnagas e confetes no chão!
O corso encalhado na rua depauperou,
suas rodas arqueadas o tempo travou!
Os festejos se foram na simplicidade,
o samba enredo, não se canta mais,
nos salões vazios, restou a saudade,
dos carnavais, que não voltam mais...