VI(VER)...

Vi dos anos correrem os dias,

E dos dias correrem as horas.

Vi das horas correrem os minutos

E dos minutos se testemunhar o agora.

E aí, vinham os segundos para eternizar as alegrias

Quando a inveja pôs-se triste.

E daí, a alegria fez-se como quem inexistia

Para dar lugar a este mal que insiste…

E ainda vi homens a simpatizarem com o mal

Rivalizando o bem e a lutar entre eles

Para comprar a caixa de Pandora por um preço banal.

Ouvi se chamar geração pervertida àquela minha

Quando vi que se procurava a liberdade individual.

Foi daí que vi pais lutarem com os filhos para pôr-lhes na linha

Quando na verdade estava torta a ansiada linha no final…

E nesse caos de ver e não ver e fingir não ver

Ficam-me devaneios agora de tudo enquanto sentia

Por intermédio dos olhos que ainda serviam de via

Para ver as habitudes¹ e ainda descrever,

Pois já jaz sobre mim o negro ambiente de insolação

Ausente dentro de um caixão.

*habitudes¹ - neologismo derivado da aglutinação do vocábulo hábito e atitudes.

Daúde Amade
Enviado por Poeta Diurno em 23/12/2015
Código do texto: T5489179
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