VI(VER)...
Vi dos anos correrem os dias,
E dos dias correrem as horas.
Vi das horas correrem os minutos
E dos minutos se testemunhar o agora.
E aí, vinham os segundos para eternizar as alegrias
Quando a inveja pôs-se triste.
E daí, a alegria fez-se como quem inexistia
Para dar lugar a este mal que insiste…
E ainda vi homens a simpatizarem com o mal
Rivalizando o bem e a lutar entre eles
Para comprar a caixa de Pandora por um preço banal.
Ouvi se chamar geração pervertida àquela minha
Quando vi que se procurava a liberdade individual.
Foi daí que vi pais lutarem com os filhos para pôr-lhes na linha
Quando na verdade estava torta a ansiada linha no final…
E nesse caos de ver e não ver e fingir não ver
Ficam-me devaneios agora de tudo enquanto sentia
Por intermédio dos olhos que ainda serviam de via
Para ver as habitudes¹ e ainda descrever,
Pois já jaz sobre mim o negro ambiente de insolação
Ausente dentro de um caixão.
*habitudes¹ - neologismo derivado da aglutinação do vocábulo hábito e atitudes.