A Colcha de retalhos

Abri a gaveta

Olhei o lindo cobertor, por mim, costurado!

Estava lindo mas, em algumas partes,

bem desgastado!

Começava com um remendo feito por um pálido marrom debrunhado de preto,

lembrei com saudade aquele singelo bordado! Era bem moça me aventurava na costura…

Depois vi um retângulo que foi feito de um lindo azul com fios de ouro entrelaçado, onde recomecei o trabalho…

O azul aos poucos foi desbotando, agora estava bem claro e pouco se via os dourados…

O próximo tecido, a ele ligado, era também marrom e ainda estava intacto…

Por ser triste e sem segurança, ele foi logo sobreposto por um outro tecido mais interessante… Creme com arremates verde, alegre cheio de esperança…

Continuei a olhar aquele cobertor e vi o quanto esse tecido tinha contribuído para a harmonia do bordado…

Subitamente encontrei um tecido espremido tão estranho e desarmonioso,

quase coloca em risco todo bordado.

Percebi, com alívio, que ele foi logo dispensado!

Então aparece um outro marrom quase chocolate!

Não bonito e nem colorido, mas, sua cor foi quem deu o arremate final em todo trabalho…

Era de um tecido puro,

aconchegante e desses que não perde a cor!

Compacto, forte, confiável...

Surpresa percebi que esse cobertor transformou-se numa colcha de retalhos

Onde fui remendando-o conforme as minhas frustrações, necessidades e fantasias...

E me perguntei, o que seria dessa colcha sem esse doce marrom?

Seria, com certeza, sem graça, monótona, fria...

Vazia!

Umburana de Cheiro
Enviado por Umburana de Cheiro em 12/12/2015
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