Destruidor de Corações
Num leito azul de folhas brancas
Busco uma ordem em linhas disformes.
Vagando o olhar entre janelas cegas
Vejo mil cenas partidas
Cortadas de um passado daltônico retorcido.
Cada folha é uma pétala
Que respiro, amasso e jogo no lixo.
Abandonado na noite que quase chora
Busco o brilho opaco das estrelas.
Olhos fitos no obscuro molhado
Premeditam a morte dos sonhos da minha alma.
A cada folha passada a limpo
Figura a lógica imbécil da razão.
No passado busco um só olhar e não encontro
No presente vejo que apaixonei-me tantas vezes
Que até duvido do amor.
Tenho tantas lembranças que até me perco entre elas
Tenho tanto sonhos que nem sei oque é real.
Cultivei tantos afetos quantos flores.
Fui predador e preza do amor.
Hoje sou apenas refém de minhas dúvidas
E da última folha em branco que me restou.