Destruidor de Corações

Num leito azul de folhas brancas

Busco uma ordem em linhas disformes.

Vagando o olhar entre janelas cegas

Vejo mil cenas partidas

Cortadas de um passado daltônico retorcido.

Cada folha é uma pétala

Que respiro, amasso e jogo no lixo.

Abandonado na noite que quase chora

Busco o brilho opaco das estrelas.

Olhos fitos no obscuro molhado

Premeditam a morte dos sonhos da minha alma.

A cada folha passada a limpo

Figura a lógica imbécil da razão.

No passado busco um só olhar e não encontro

No presente vejo que apaixonei-me tantas vezes

Que até duvido do amor.

Tenho tantas lembranças que até me perco entre elas

Tenho tanto sonhos que nem sei oque é real.

Cultivei tantos afetos quantos flores.

Fui predador e preza do amor.

Hoje sou apenas refém de minhas dúvidas

E da última folha em branco que me restou.

Alessandro Faria de Oliveira
Enviado por Alessandro Faria de Oliveira em 29/06/2007
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