PARECE
PARECE
Parece que foi ontem
Que a goteira acordava o sono
Que os cachorros latiam sem morder
Que a bola rolava no barro
Que o balanço ia e vinha
Que a bolinha estecava
Que os barquinhos de jornal
Singravam a correnteza da rua
Que o carrinho de rolimã
Carregava uma grande alegria
Que a pipa voava
Num céu que parecia sempre azul
Que a cabeça com cabelos em cuia
No corte “americano”
Tinha a certeza que a vida
Era uma eterna brincadeira
Que foi esvaindo-se pelo tempo
Mas vez por outra um lampejo
Reaparece em sonho
Como nos velhos tempos
De pés no chão