Um paradoxo inevitável
Esta noite eu tive medo...
Tive medo do tempo...
Tive medo que ele me trouxesse o sofrimento, que ele levasse meus amigos e familiares embora.
Tive medo do amanhã que ainda não existe; deparei-me com um saudosismo melancólico que me levava a olhar para o passado e pensar em todas as coisas boas que deixei de fazer.
Tive medo de não estar fazendo agora tudo o que poderia fazer, e no futuro ter a mesma sensação.
Uma coisa boa pelo menos me aconteceu, descobri que amo a vida, e que a vida é bela quando se vive o momento, e que mesmo o momento bem vivido irá nos fazer sofrer no futuro quando nos lembrarmos dele.
Que pena que só conseguimos descobrir a importância de certos momentos quando eles não passam de lembranças;
Tenho medo do fim da vida...
Não porque a morte significa o fim de tudo, mas porque quando ela se aproximar me levará a lembrar de tudo o que passei nesta vida, e isso vai doer tanto!
A dor nos faz mais humanos, nos leva a identificar com o próximo e nos faz poeta!
O que seria do poeta se não existisse a saudade e a dor, o que seria de mim sem meus familiares e amigos.
Não saberia o quanto os amo se não sentisse saudades ao estar longe e dor por não mais vê-los.
A vida que nos proporciona tantos momentos bons é a mesma que leva as pessoas que amamos para longe, mas se assim não fosse tudo seria muito monótono.
E o que seria de nós se não existisse estes sentimentos!?