Rio de Janeiro
Ah meu Deus
O que foi que aconteceu?
Pouco ou nada me lembro.
Ou escondo para não sofrer.
Fui criança
E...?
Amei o vento
A chuva, a terra molhada.
De tudo me lembro
Mas quero esquecer.
Hoje compreendo
Que criança, não fui.
As calças eram curtas
Mas os pensamentos
Mal cabiam na minha cabeça.
Meus passos?
Veloz como o vento!
Não gosto do vento!
Caminhos longos percorri.
Às vezes à pé,
Outras de bicileta.
E algumas outras
A cavalo.
Tão criança
E um cavalo comprei.
Cuidava mais dele
Do que de mim.
Sela bonita,
De um amigo comprei.
Custou o preço
De algumas galinhas
Retiradas de meu pai.
Eram muitas,
Meu pai não saberia.
Cresci e o mar encontrei.
Mulheres? Muitas mulheres.
Elas saiam da onda incessante
Do mar.
Quanta bobagem
Na cabeça trazia.
Cheia de Deus, do demônio
Do vento e do pecado
Ainda não sei
Porque não gosto
Do vento.
Penso que ele também
Não gosta de mim.
Guardo na memória,
E em papel da cor do tempo,
Como um tesouro,
Tudo o que se relaciona
Com a minha vida.
Porquê?
Essa noite eu não dormi.
Eu simplesmente morrera.
À minha volta,
Ou a volta do meu corpo,
Formigas...
Milhares de formigas
Saiam solenemente de um buraco.
Ali, deitado, o morto
seria velado por formigas.
Esqueceram de me dizer
Que eu estava morto.
Pouco importa,
Morrera sem ter nascido.
Mesmo morto, eu me dizia:
A magia da poesia é encher
A lua vazia, aproximar o tempo distante,
Chorar nos ombros da alegria,
Eternizar um mínimo instante!
O que foi que aconteceu?
Pouco ou nada me lembro.
Ou escondo para não sofrer.
Fui criança
E...?
Amei o vento
A chuva, a terra molhada.
De tudo me lembro
Mas quero esquecer.
Hoje compreendo
Que criança, não fui.
As calças eram curtas
Mas os pensamentos
Mal cabiam na minha cabeça.
Meus passos?
Veloz como o vento!
Não gosto do vento!
Caminhos longos percorri.
Às vezes à pé,
Outras de bicileta.
E algumas outras
A cavalo.
Tão criança
E um cavalo comprei.
Cuidava mais dele
Do que de mim.
Sela bonita,
De um amigo comprei.
Custou o preço
De algumas galinhas
Retiradas de meu pai.
Eram muitas,
Meu pai não saberia.
Cresci e o mar encontrei.
Mulheres? Muitas mulheres.
Elas saiam da onda incessante
Do mar.
Quanta bobagem
Na cabeça trazia.
Cheia de Deus, do demônio
Do vento e do pecado
Ainda não sei
Porque não gosto
Do vento.
Penso que ele também
Não gosta de mim.
Guardo na memória,
E em papel da cor do tempo,
Como um tesouro,
Tudo o que se relaciona
Com a minha vida.
Porquê?
Essa noite eu não dormi.
Eu simplesmente morrera.
À minha volta,
Ou a volta do meu corpo,
Formigas...
Milhares de formigas
Saiam solenemente de um buraco.
Ali, deitado, o morto
seria velado por formigas.
Esqueceram de me dizer
Que eu estava morto.
Pouco importa,
Morrera sem ter nascido.
Mesmo morto, eu me dizia:
A magia da poesia é encher
A lua vazia, aproximar o tempo distante,
Chorar nos ombros da alegria,
Eternizar um mínimo instante!
Roberto Gonçalves
Escritor
Escritor