SIMPLES ASSIM...
Mas, cadê aquela vizinhança,
Que eu tinha, quando criança,
Na enverdecida periferia,
Cadê aquela prosa animada,
As divertidas caminhadas,
As risadas ecoadas no dia,
Cadê aqueles olhares de fé,
Aquelas trocas de favores,
Ô dona das Dores!
Me arranja um coada de café,
Depois eu pago a senhora,
(E pagava mesmo),
Cadê aqueles quintais sem muros,
Os pomares, os ares mais puros,
A vida sem pressa,
A simplicidade sem roteiro,
Aquele jeitinho mineiro,
Uai, sô, ô trem bão,
Cadê aquelas bolhas de sabão,
Subindo... subindo... sem termo,
Sem lugar,
As brincadeiras, as cantigas,
De beira de rua,
Cadê a curiosidade da lua,
Que sempre se aproximava,
Daquele cantinho de Minas,
Cadê aquela menina,
De vestido rodado,
Que me olhava de lado,
Em sussurros, me falava,
“Eugostandocê”,
Quero sempre ser sua amiga,
Cadê o vermelho rubro da amora,
O melado da rapadura,
A essência de Deus,
A tangência da ternura,
A magia da aurora,
Que substituía o breu,
...Cadê eu?